Impeachment de Dilma: nove deputados da Paraíba votaram pelo afastamento da petista; apenas três defenderam permanência no cargo; relembre a votação
Nove dos 12 deputados paraibanos votaram a favor da admissibilidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 - Fotomontagem: Poder Paraíba / Reprodução / TV Câmara

Na edição desta quinta-feira (30) da coluna #TBTPolítico, o Poder Paraíba relembra um dos momentos mais marcantes da história recente do país: a votação na Câmara dos Deputados, em 17 de abril de 2016, que aprovou a admissibilidade do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Foram 367 votos favoráveis, 137 contrários, 7 abstenções e 2 ausências. Com o resultado, o processo seguiu para o Senado Federal, onde o afastamento de Dilma seria confirmado meses depois.

Assim como hoje em dia, naquela Legislatura, a bancada paraibana na Câmara dos Deputados era composta por 12 parlamentares, dos quais nove votaram pelo impeachment e três se posicionaram contra.

O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), ex-ministro das Cidades do governo Dilma e líder da bancada progressista, abriu os votos da Paraíba. Mesmo tendo integrado o governo petista, seguiu a decisão partidária e declarou voto a favor do afastamento:

“Respeito a maioria absoluta do partido, que fechou questão. Sou líder da maioria e não de uma minoria. Por isso, sigo meu partido”, justificou.

Em seguida, Benjamin Maranhão (SD) foi enfático ao defender o impeachment, chegando a acusar Dilma de corrupção:

“Meu voto está fundamentado no relatório aprovado na comissão especial, que aponta crime de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff. Hoje o julgamento é político, mas depois ela vai responder criminalmente.”

Também votaram a favor do impeachment os deputados Efraim Filho (então no DEM), Hugo Motta (PMDB), Manoel Junior (PMDB), Pedro Cunha Lima (PSDB), Rômulo Gouveia (PSD), Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) e Wilson Filho (PTB).

Alguns votos ficaram marcados por gestos simbólicos. Pedro Cunha Lima, por exemplo, declarou seu “sim” em forma de poesia. Já Rômulo Gouveia, que faleceu em 2018, afirmou votar “em nome da Paraíba e de Campina Grande”. Veneziano, visivelmente constrangido, seguiu a orientação do MDB e votou pela admissibilidade.

Entre os contrários ao impeachment, destacaram-se o petista Luiz Couto, que classificou a decisão como “um golpe contra a democracia”, e os deputados Damião Feliciano (PDT) e Wellington Roberto (PR). Este último havia sido uma das grandes incógnitas da bancada paraibana, mas acabou seguindo a posição de seu partido.

“É um ato ilegítimo, é um golpe contra a democracia. A população vai reagir contra esse golpe, contra os traíras, contra os golpistas”, declarou Luiz Couto no plenário.

A Paraíba foi o 24º estado a votar, num dia que entrou para a história política do país e ainda ecoa, quase uma década depois, como um divisor de águas na política brasileira.

Placar da votação da bancada paraibana no impeachment de Dilma Rousseff (2016)

A favor da admissibilidade do impeachment (9 votos):

  • Aguinaldo Ribeiro (PP)
  • Benjamin Maranhão (SD)
  • Efraim Filho (DEM)
  • Hugo Motta (PMDB)
  • Manoel Junior (PMDB)
  • Pedro Cunha Lima (PSDB)
  • Rômulo Gouveia (PSD)
  • Veneziano Vital do Rêgo (PMDB)
  • Wilson Filho (PTB)

Contra o impeachment (3 votos):

  • Luiz Couto (PT)
  • Damião Feliciano (PDT)
  • Wellington Roberto (PR)

Entenda o caso

O impeachment de Dilma Rousseff teve como base jurídica a acusação de crime de responsabilidade por meio das chamadas “pedaladas fiscais” — manobras contábeis usadas pelo governo para melhorar artificialmente os resultados das contas públicas, adiando repasses a bancos públicos e criando a aparência de equilíbrio orçamentário.

Embora o Tribunal de Contas da União (TCU) tenha apontado irregularidades, o processo ganhou contornos profundamente políticos, sendo conduzido pela Câmara dos Deputados sob a presidência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), então adversário direto do governo Dilma.

O julgamento ocorreu em meio a uma forte crise econômica e política, com o rompimento do MDB com o PT, manifestações de rua em todo o país e a crescente pressão de partidos aliados. O resultado abriu caminho para a posse do então vice-presidente Michel Temer (MDB), consolidando uma das transições mais turbulentas da história democrática brasileira.

Reveja a votação: 

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Sobre a coluna #TBT Político

O #TBT Político é uma coluna semanal do portal Poder Paraíba, publicada todas as quintas-feiras, que resgata episódios marcantes da política paraibana e nacional, relembrando fatos, bastidores e personagens que ajudaram a moldar a história do poder no Estado. A sigla TBT vem da expressão em inglês “Throwback Thursday” — literalmente, “quinta-feira da lembrança” —, popular nas redes sociais para relembrar momentos do passado. No contexto da coluna, o termo ganha um significado jornalístico: revisitar o passado político para entender o presente e projetar o futuro.

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