Presidente Jair Bolsonaro e o PRG, Augusto Aras - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Em um vídeo divulgado nesta quinta-feira (21) em canal do YouTube, o procurador-geral da República, Augusto Aras, reproduz declarações dadas há dez dias em que defende o sistema eleitoral. A postagem, contudo, não faz qualquer referência ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que na última segunda-feira, em reunião com embaixadores, fez uma série de ataques às urnas eletrônicas e ao processo de votação brasileiro.

– Nós não aqui aceitamos alegação de fraude porque nós temos visto o sucesso da urna eletrônica ao longo dos anos, especialmente no que toca à lisura dos pleitos – diz Aras.

O vídeo exibe uma nota, na qual o procurador-geral da República fala na necessidade de “distanciamento” diante dos “últimos acontecimentos do país” e trechos de uma entrevista concedida por Aras a correspondentes estrangeiros no último dia 11 de julho, na sede da PGR.

“Diante dos últimos acontecimentos no país, o procurador-geral da República, Augusto Aras, recorda a necessidade de distanciamento, independência e harmonia entre os poderes”, diz a nota.

No vídeo, Aras ainda afirma que “as instituições existem para intermediar e conciliar os sagrados desejos do povo, reduzindo a complexidade das relações entre governantes e governados”.

PRESSÃO

Nos últimos dias, o procurador-geral da República vinha sendo cobrado por uma posição diante dos ataques perpetrados por Bolsonaro ao sistema eleitoral e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na terça-feira, um grupo de procuradores do Ministério Público Federal assinou um pedido para que o procurador-geral da República abra uma investigação sobre os ataques sem provas do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral.

O ofício foi assinado pelo procurador federal dos direitos do cidadão Carlos Alberto Vilhena, que foi nomeado por Aras para a função, e por 42 procuradores regionais dos direitos do cidadão das 27 unidades da federação, responsáveis pela atuação na área dos direitos humanos e em defesa dos direitos fundamentais. O grupo afirma que a conduta do presidente “afronta e avilta a liberdade democrática” e pode configurar ilícitos eleitorais decorrentes do abuso de poder.