O jornalista Anderson Costa analisa em seu artigo as características que levam a formação de um triunvirato na direita pessoense - Foto: Reprodução
Os três generais da direita pessoense tentam firmar seu poder - Foto: Reprodução

Na última quinta-feira vimos Wallber Virgolino, Nilvan Ferreira e Cabo Gilberto Silva de mãos dadas e sorridentes em uma foto na qual declararam abertamente: A união está formada!

Com a estratégia de guerra firmada os três decidiram partir para o ataque, triunvirato formado, agora eles entendem que é hora de bater de frente com Wellington Roberto e o poder que o deputado federal possui junto ao comando nacional do partido em Brasília para garantir que a voz forte e definidora dos rumos do PL em João Pessoa seja a deles e não mais a do presidente estadual da legenda.

Tal qual o império romano a Paraíba e o bolsonarismo são suficientemente grandes para que os três possam ter espaço para crescer e para dividir os espólios da guerra política. E assim que os três definiram: João Pessoa é a nova Roma e daqui que eles marcharão vitoriosos para conquistar o novo mundo criado pela formação de uma direita conservadora que surgiu no Brasil fruto do antipetismo.

Os três tinham um plano claro, serem os representantes do ex-presidente Jair Bolsonaro na Paraíba, lugar que foi deixado vago pelo Rômulo do bolsonarismo paraibano, o ex-deputado federal e Lulista recém-convertido por João Azevêdo, Julian Lemos.

Como a Roma republicana em que o poder dos generais superava aos dos cônsules, do senado e dos ricos patrícios, assim era a direita na Paraíba até o início deste ano. Havia em nosso estado os três grandes generais bolsonaristas prontos para levantarem armas em nome do seu líder maior no estado e com isso conquistarem para si o coração dos seguidores da dita direita conservadora.

E assim como na Roma republicana tivemos o General Sula como talvez o nome que motivou a união dos três grandes líderes no modelo de união política que revolucionou o mundo. Temos na Paraíba dois nomes muito importantes: Wellington Roberto e Marcelo Queiroga.

Na Paraíba, os três generais sentiram o perigo da possível chegada de um novo rival vindo de Brasília e com as bênçãos do próprio júpiter de seu credo político, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Entenderam que o nome de Marcelo Queiroga vinha com a possibilidade de chegar os ofuscando e no melhor dos casos ser mais um a dividir com eles o espólio político que antes viam dividido apenas entre os três.

Sentindo o cheiro do perigo começaram a costurar nos bastidores uma união. Inicialmente alinharam entre si os discursos pedindo união e conversas que os coloque em posição de destaque para definir o pré-candidato do partido à Prefeitura de João Pessoa.

Apesar de todo o discurso atacando o presidente estadual da legenda e das falas buscando diminuir o capital político que Queiroga possuiria em João Pessoa, por ser um nome pouco conhecido pelo eleitorado na Capital, viram o ex-ministro da Saúde ser filiado ao partido em Brasília e ungido como pré-candidato do PL na Capital dos paraibanos por Wellington Roberto; pelo presidente nacional do partido e aliado político de Wellington, Valdemar da Costa Neto e pelo ex-presidente e principal líder político do grupo o ex-presidente Bolsonaro.

Na manhã imediatamente seguinte a que viram Queiroga filiar-se, ter o óleo derramado sobre a cabeça e receber a missão de vir marchar com suas tropas por terras paraibanas levando consigo a bandeira do bolsonarismo, os três publicaram em suas redes sociais uma foto de mãos dadas e declararam que haviam formado seu triunvirato.

Pois bem, se Pompeu, Crasso e Júlio César conseguiram com o seu triunvirato dominar a política de Roma e se perpetuarem no poder até a morte de Crasso que levou a guerra civil que se encerrou com César como líder máximo da política da República e pai do que seria o Império Romano, o que podemos ver na Paraíba é exatamente o inverso.

A força do Triunvirato

O plano dos três em sua base é até muito bom, unir três lideranças bolsonaristas que sempre tiveram o destaque e que até o início do ano carregavam a bandeira do bolsonarismo em João Pessoa sem problemas para aglutinar os seus três eleitorados diversos e com isso mostrar uma força capaz de rivalizar com Wellington Roberto e Marcelo Queiroga.

Se Wellington goza em Brasília do poder político acumulado por anos de mandato na capital nacional e da parceria política com Valdemar da Costa Neto, além de dispor do broche de deputado federal, na Paraíba temos Cabo Gilberto Silva que também carrega em seu paletó um broche de deputado federal e pode bater no peito e dizer que sempre votou com Bolsonaro, mesmo antes desse ser presidente da República.

Se Queiroga pode dizer que assumiu a dura missão de ser ministro da Saúde, pasta difícil quando o governo enfrentava uma pandemia, seguiu junto de Bolsonaro até seu último momento de governo e esteve ao seu lado como um aliado fiel, temos na Paraíba Nilvan Ferreira, que assumiu dura missão de disputar o governo estadual defendendo o nome e o governo de Bolsonaro apesar de seus altos índices de rejeição e que seguiu pregando a palavra do bolsonarismo em João Pessoa, mesmo quando o capitão do exército já não carregava mais a faixa presidencial sobre o peito e passava um período de estadia nos EUA.

Para concluir o tripé dessa aliança há Wallber Virgolino, nome que ostenta todas as qualidades que o bolsonarismo busca em suas lideranças. Nome ligado às forças de segurança já tendo desempenhado o papel de delegado da polícia civil e secretário de administração penitenciária, Wallber gravou sua imagem na mente do povo paraibano como o de um policial linha dura ao comandar ações que ganharam grande repercussão. Como secretário de estado Wallber saiu da gestão estadual dizendo que não se sujeitaria ao ex-governador Ricardo Coutinho, principal nome da esquerda na Paraíba e que os adversários acusavam de autoritarismo.

Apesar de todas estas qualidades políticas que cada um dos três nomes traz para esta união, este triunvirato não aponta para ser a semente de um império da direita na Paraíba. Pois os três têm méritos próprios para conseguirem votos da direita no estado e terem conseguido boas votações em João Pessoa nas eleições de 2022. Eles não ignoram um fato ao qual Marcelo Queiroga se apega no momento em que busca garantir para si o direito a candidatura em João Pessoa, todo poder político da dita direita conservadora em João Pessoa emana de Jair Messias Bolsonaro e aquele a quem o ex-presidente indicar será votado, independente da opinião do trio.

Este triunvirato pode ser visto na verdade como uma última cartada dos três numa tentativa de garantir o apoio de Bolsonaro. Buscam mostrar coesão entre si e a possibilidade de dominarem a Capital, para que assim Bolsonaro repense o seu apoio ao nome de Queiroga, ponha de lado a candidatura do médico cardiologista e apoie a decisão que eles lhes apresentarem.

Se este Triunvirato será grandioso como o primeiro ou rápido e desastroso como o segundo triunvirato romano não podemos definir, mas poderemos em breve ver qual será o resultado desta união, Alea Jacta Est.

Leia mais: Muito mais que ‘brusinhas’ – Por Anderson Costa