Enquanto Lula teve passagem rápida, restrita e sem discursos pela cidade, em 1933, Getúlio Vargas cumpriu extensa agenda, com um dia inteiro de inaugurações no principal município do Vale do Sabugi.
O município de Santa Luzia passou por um dia marcante em sua história nesta quarta-feira (22). Afinal de contas, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), esteve presente em solo santaluziense, quase 90 anos depois da última visita de um chefe de estado brasileiro na principal cidade da Região do Vale do Sabugi, no Agreste paraibano.
Lula participou da inauguração do Parque Eólico Chafariz, um empreendimento privado, do grupo Neoenergia, o primeiro complexo híbrido de energia solar e eólica autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Annel), instalado na zona rural de Santa Luzia. O evento teve a participação do Ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, do governador da Paraíba, João Azevêdo, do senador Veneziano, do prefeito José Alexandre de Araújo – Zezé, entre outras autoridades.
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O atual presidente cumprirá agenda rápida e restrita em Santa Luzia, somente com a presença de cerca de 150 convidados. Até a imprensa está passando por uma rigorosa seleção para participar do evento. Algo totalmente diferente do que ocorreu no dia 11 de setembro de 1933, quando o município recebeu outro chefe de estado, Getúlio Vargas. Na ocasião, os eventos ocorreram em praça pública, na zona urbana, junto da população.
Segundo relatos históricos, várias delegações e caravanas das cidades, povoados e estados vizinhos vieram à Santa Luzia naquele dia para ver de perto a maior autoridade brasileira, o presidente da República. A comitiva de Vargas também era cheia de autoridades. Ele veio ao município ao lado dos ministros José Américo de Almeida, Góis Monteiro, Juarez Távora e João Maurício de Medeiros, que na oportunidade respondia pelo Ministério da Agricultura, e do interventor do Estado à época, Gratuliano de Brito, entre outros.
Foi um dia inteiro de festa, digna da inauguração da maior obra pública da época nas redondezas, o Açude Novo de Santa Luzia, que mais tarde passaria a se chamar José Américo de Almeida. No mesmo dia, Getúlio Vargas também inaugurou o novo edifício dos Correios e Telégrafos e o Grupo Escolar Coelho Lisboa, ambos localizados no Centro do município.
“Houve a inauguração. Muitos discursos, um grande foguetório e muitos abraços. Todos queriam ver o Presidente de perto e os seus Ministros, o Interventor, as autoridades, enfim. Tinha gente de todas as partes, de todas as idades, de todas as classes sociais. Foi um dia inesquecível”, relata trecho do livro “Santa Luzia: Sua História e sua Gente” (1996), de José Jacinto de Araújo.
Ainda de acordo com relatos históricos, a comissão organizadora da festa de recepção ao presidente da República preparou um bonito arranjo de flores naturais, colhidas em Santa Luzia e selecionou duas das meninas mais bonitas da época para entrega-lo a Getúlio Vargas. Foram escolhidas, Maria do Carmo Medeiros Ferreira (Carmita) e Adalgisa Moraes, anos mais tarde que viria ser a mãe do médico José Eymar Morais de Medeiros.
A TRAGÉDIA
Mas, além da festa, a passagem de Vargas por Santa Luzia também ficou marcada por fato triste. Ao final das solenidades, os visitantes começaram a deixar a cidade de Santa Luzia em direção aos seus domicílios. Do município de São Mamede, vieram dois caminhões, cada um com 50 pessoas, divididos entre meninos e meninas, incluindo jovens, adolescentes e muitas crianças em idade escolar.
Por volta das 17h, os dois caminhões partiram em direção à cidade vizinha. Mas, meia hora depois, nas imediações da localidade Campo da Cruz, o veículo que transportava a turma de meninos, capotou numa curva e ficou emborcado com a frente virada para Santa Luzia.
O saldo do acidente foram 11 mortos e vários feridos. O veículo era dirigido por um motorista conhecido como “Soldadinho”, que, segundo relatos históricos, estaria embriagado. Ele foi preso em flagrante. E o resto é história.