PT Nacional pede engajamento contra candidaturas bolsonaristas no 2º turno das eleições municipais e decisão pode sacramentar apoio a Cícero Lucena, em JP
Cícero Lucena poderá ter o apoio do PT no segundo turno das eleições em João Pessoa - Arte: Poder Paraíba

A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou, nesta terça-feira (8), uma nota pública convocando todos os seus filiados a se engajarem nas campanhas contra candidaturas de extrema direita no segundo turno das eleições municipais de 2024. O documento destaca que a prioridade do partido será derrotar candidatos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorrem em diversas cidades do Brasil.

Em João Pessoa, o segundo turno será disputado entre o atual prefeito Cícero Lucena (PP) e o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL), que conta com o apoio explícito de Bolsonaro. A decisão do PT de orientar seus militantes a lutar contra candidatos bolsonaristas pode beneficiar diretamente Cícero Lucena, que se apresenta como alternativa mais moderada.

Na Paraíba, o cenário político começou a se definir após o candidato do PT, Luciano Cartaxo, ex-prefeito de João Pessoa, ficar em quarto lugar no primeiro turno, com 11% dos votos. Reunidos na segunda-feira (7), os dirigentes petistas no estado, liderados pelo presidente do diretório municipal, Marcus Túlio, discutiram a posição do partido para o segundo turno. Segundo Túlio, há uma “tendência de apoio” a Cícero Lucena, com o objetivo de barrar a eleição de Queiroga, representante da direita bolsonarista na capital.

A nota da Executiva Nacional do PT ressalta que o partido se manterá fiel à sua missão histórica de defender a democracia e combater o avanço da extrema direita no Brasil. “O PT sempre teve lado, o lado do Brasil e do povo, e nunca se omitiu na defesa da democracia”, destaca o texto.

Embora as lideranças locais do PT já indiquem um possível apoio a Lucena, ainda não houve uma deliberação formal por parte da sigla na Paraíba. O apoio do PT pode ser decisivo para consolidar a campanha de Cícero Lucena no segundo turno, já que o partido conta com uma base de militantes fiéis e uma forte presença política no estado.

O posicionamento do PT em João Pessoa reflete a estratégia nacional da sigla de se unir a forças progressistas para impedir o avanço de candidatos alinhados com Bolsonaro, especialmente em um momento em que o ex-presidente busca reafirmar seu protagonismo político através de vitórias municipais estratégicas.

Veja a nota completa:

Nota da Comissão Executiva Nacional do PT sobre as eleições municipais

NOTA DA COMISSÃO EXECUTIVA NACIONAL DO PT SOBRE AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

O resultado do primeiro turno de 2024 aponta o início da recuperação eleitoral do PT nos municípios, num cenário que mais uma vez favoreceu a eleição ou reeleição de candidatos das legendas da centro-direita e direita dominantes no Congresso Nacional, com acesso a emendas parlamentares bilionárias e no comando das máquinas públicas municipais. O alto índice de reeleições, que beira os 80% nas cidades que mais receberam emendas parlamentares, confirma essa distorção no sistema político.

Mesmo enfrentando tamanho desequilíbrio, o PT passou de 183 para 248 prefeitos e prefeitas, e vai disputar o segundo turno em 13 cidades, sendo 4 capitais: Fortaleza, Porto Alegre, Cuiabá e Natal. A soma de votos em candidatos candidatas do PT passou de 6,9 milhões para 8,8 milhões no país, mesmo não tendo lançado nomes este ano em São Paulo, Rio, Recife e Salvador. Passamos de 2.668 vereadores e vereadoras para 3.118, em chapas compartilhadas com PV e PCdoB na Federação Brasil da Esperança. Nossa votação para as câmaras municipais subiu de 5,7 milhões para 7,3 milhões.

Dentre as quatro maiores prefeituras governadas pelo PT, reelegemos as companheiras Marília Campos, em Contagem, e Margarida Salomão, em Juiz de Fora, fizemos a sucessão em Maricá com Washington Quaquá e elegemos Darlene prefeita de Rio Grande (RS). Fomos para o segundo turno em Mauá e Diadema, com os companheiros Marcelo Oliveira e José de Filippi. Nos municípios entre 100 mil e 200 mil eleitores, passamos de 2 para 5 prefeitos eleitos. Nas cidades entre 20 mil e 100 mil, passamos de 27 para 56, além de aumentar de 146 para 188 as vitórias em cidades com até 20 mil eleitores.

Cumprindo a tática eleitoral de fortalecer o campo democrático no embate permanente contra a extrema direita, elegemos 222 vices do PT em chapas encabeçadas por candidatos de 14 outros partidos. Integramos as coligações amplamente vitoriosas em duas capitais estratégicas: Recife, em aliança com João Campos do PSB, e no Rio, com Eduardo Paes do PSD, impondo à extrema direita sua mais contundente derrota eleitoral, no berço político de Jair Bolsonaro. E vamos disputar o segundo turno em São Paulo, com Guilherme Boulos, do PSOL, e a companheira Marta Suplicy.

Os resultados eleitorais deste primeiro turno correspondem ao compromisso e à luta de nossa militância, candidatos, candidatas e dirigentes de todos os níveis. Correspondem também aos acertos e eventuais equívocos na implementação da tática eleitoral, que devemos avaliar em conjunto para fortalecer o partido, nosso campo político mais amplo e nosso projeto de país.

Esta avaliação tem de levar em conta que voltamos ao governo, com o presidente Lula liderando uma frente política democrática numa conjuntura extremamente desafiadora, após quase uma década de cerco e perseguição contra nosso partido e nosso maior líder. O período histórico inaugurado com a farsa da Lava Jato e o golpe contra a presidenta Dilma abriu as portas para a extrema direita aliada ao neoliberalismo mais selvagem, que seguem ameaçando o país e o sistema democrático.

Nossa principal tarefa, neste segundo turno, é fortalecer as campanhas nas 13 cidades em que estamos disputando, e lutar com todas as forças pela vitória de Boulos e Marta, unindo o campo popular e democrático contra a extrema direita na maior cidade do país.

Com o mesmo empenho, vamos nos engajar nas campanhas de candidatos de outros partidos nas cidades onde haverá segundo turno contra candidatos da extrema direita, sem vacilações. O PT sempre teve lado, o lado do Brasil e do povo, e nunca se omitiu na defesa da democracia.

Brasília, 8 de outubro de 2024

Comissão Executiva Nacional do PT.