Intelectuais e artistas sempre estiveram envolvidos no debate político paraibano - Foto: Imagem gerada por IA
Intelectuais e artistas sempre estiveram envolvidos no debate político paraibano - Foto: Imagem gerada por IA

A poesia e a política na Paraíba se encontram. Impossível que fosse diferente quando temos em nosso estado tantos grandes artistas que foram também, em maior ou menor grau dedicados à política partidária e muitos deles até mesmo desempenharam cargos públicos. 

Escritor, poeta e governador; estes três atributos podem ser elencados nas biografias de um número relativamente alto de políticos paraibanos. Apenas de Cabeça consigo lembrar de alguns: Ronaldo Cunha Lima, Ernani Satyro, José Américo de Almeida e por fim Ivan Bichara. Estes são os que consigo puxar de memória, mas acredito que tenham existido outros artistas que já comandaram a política em nosso estado, ou que tenham desempenhado cargos no poder legislativo ou no executivo municipal.  

Isso se deve ao fato de que inculto ou artista, não há aquele na Paraíba que esteja imune ao vírus da política. Em nosso estado todos a discutem e o fazem como sabem, seja por meio de conversas informais ou pela arte. Por isso afirmo sem medo de que na Paraíba a política é a mãe e a maior de todas as expressões artísticas, pois é nela que se centra a vida e os pensamentos do paraibano. 

Portanto, também não é surpreendente que a expressão artística seja usada como elemento político em nosso estado. Foi isso que mais uma vez vimos em nosso estado no mais recente embate entre o ex-deputado federal, Pedro Cunha Lima (PSDB) e o governador João Azevêdo (PSB).  

Após uma fala do gestor sobre a política de Campina Grande na qual João Azevêdo afirmou que Campina Grande pode dizer não aos coronéis, Pedro Cunha Lima decidiu defender a memória do avô governador ao que entendeu ser um ataque a figura de Ronaldo e de todo o espólio político deixado por ele. 

Por meio de uma poesia intitulada “Soneto à covardia”, Pedro respondeu João o chamando de super secretário, lembrando que enquanto ainda era secretário no governo de Ricardo Coutinho, o gestor ganhou o apelido por comandar mais de uma pasta na gestão socialista. Pedro também afirmou em seus versos que a memória de João estaria cheia de “Calvário”, citação direta à investigação que apurou denúncias de que recursos teriam sido desviados do Hospital de Emergência de Trauma de João Pessoa durante a gestão de Ricardo Coutinho.  

Através da poesia que Pedro buscou defender e honrar a memória do avô. O governador João Azevêdo e seus aliados políticos, por outro lado, buscaram desmerecer a obra de Pedro endereçada ao socialista. Chamaram de cortina de fumaça e acusaram o tucano de trazer para o debate a memória do avô, já há muito falecido, por falta de argumentação política com a qual possa atacar a atuação do governador João Azevêdo em Campina Grande. 

Os socialistas afirmam que a gestão de João vem se mostrando efetiva em Campina Grande, enquanto a gestão do atual prefeito Bruno Cunha Lima (União), neto do tio-avô de Pedro, seria muito criticável e que seria uma realidade o fato de que o poder político que a família Cunha Lima tem na cidade já não se sustenta.  

Independente de qual tenha sido a ideia de Pedro, é inegável que esta não foi a primeira vez que um poeta versou sobre a política paraibana e tampouco será a última. Apenas nos resta esperar para saber qual será o próximo capítulo deste romance que segue sendo publicado nas páginas do diário da vida cotidiana paraibana. Acompanhemos e aproveitemos, pois se a arte faz da vida mais leve, decerto que efeito semelhante deve produzir sobre a política, tornando a tão aprazível ao nosso povo. De modo que ouso eu mesmo encerrar este meu texto com um soneto de minha autoria sobre o tema:  

Soneto eleitoral

 

 Na Paraíba tudo é política  

Não há quem vá discordar  

Local em que não se duvida  

Há política até mesmo no ar  

  

Tudo o que paraibano quer?  

O paraibano em tudo a vê?  

A resposta óbvia nunca é  

Quem que pode responder?  

  

Na Paraíba política é matéria  

Debatida desde o primário  

O cordão azul é time, religião

 

Ai de quem disser o contrário  

Encarnada pois como a paixão  

Ideologia aqui é coisa séria