Morte de Danielle Morais não tem ligação direta com parto e pode ter sido causada por doenças pré-existentes, diz gestão
Prefeito Bruno Cunha Lima conduziu entrevista coletiva nesta segunda-feira (26)

A Secretaria de Saúde de Campina Grande afirmou, em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (26), que a morte de Maria Danielle Cristina Morais Sousa, de 38 anos, não teria relação direta com a perda do filho no parto e a retirada do útero, ocorridas na maternidade Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA). Segundo a pasta, a paciente possuía comorbidades e possíveis doenças genéticas que podem ter contribuído para o Acidente Vascular Cerebral (AVC) que resultou em seu óbito na terça-feira (25).

A coletiva foi conduzida pelo prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil), que enfatizou o histórico clínico da paciente, sugerindo a existência de uma condição genética pré-existente como possível causa do falecimento.

“[Danielle] já apresentava um quadro clínico com indícios da existência de uma condição pré-existente, podendo ser uma doença genética. Esse histórico inclui pelo menos dois abortos espontâneos, gravidezes de altíssimo risco, uma trombose arterial no braço e a própria ruptura uterina”, explicou o prefeito.

Bruno Cunha Lima relatou ainda que Danielle sentiu fortes dores de cabeça em casa antes de sofrer uma queda. Ela foi levada ao Hospital Pedro I, onde exames confirmaram um AVC hemorrágico na região do tronco encefálico. O prefeito também revelou que, durante sua internação anterior, Danielle já estava sendo acompanhada por uma geneticista.

“Na semana anterior, ainda internada, ela passou por uma consulta com uma médica geneticista para iniciar a investigação sobre uma possível doença genética pré-existente, que poderia ter contribuído para todas as complicações ocorridas”, detalhou.

A prefeitura comunicou o caso ao Ministério Público da Paraíba (MPPB), permitindo o acompanhamento dos procedimentos administrativos e do inquérito policial. “Se houver negligência, garanto que os responsáveis serão devidamente punidos”, assegurou o prefeito.

O médico e diretor do Hospital Pedro I, Marcos Wagner, destacou a complexidade do caso, ressaltando que um evento uterino grave pode ter relação com um evento encefálico, mas que a cronologia dos fatos não aponta uma conexão direta entre eles.

“Não é comum um paciente, independente do histórico obstétrico, desenvolver um AVC hemorrágico dessa forma. A principal causa de um AVC desse tipo é um aneurisma, e não há indícios claros de que os eventos no ISEA tenham provocado isso”, explicou o médico.

Diante da situação, a Polícia Civil solicitou novas perícias no corpo de Danielle, buscando esclarecer se há conexão entre sua morte e os eventos obstétricos anteriores. As investigações seguem com depoimentos de testemunhas, sendo que o depoimento de Danielle era considerado fundamental, mas não pôde ser colhido devido às internações.

O delegado Rafael Pedrosa deve receber reforço nos próximos dias para agilizar as investigações e ouvir todos os envolvidos.

Morte de Danielle

Segundo Jorge Elô, marido de Danielle, ela acordou bem na terça-feira (25). No entanto, ao se sentar na cama, sentiu uma dor de cabeça intensa, gritou e caiu no chão. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, e ela foi encaminhada ao Hospital Pedro I, onde faleceu na tarde do mesmo dia.

A Secretaria de Saúde de Campina Grande divulgou uma nota lamentando o falecimento. Segundo o órgão, Danielle se recuperava bem de uma segunda cirurgia realizada no Hospital Doutor Edgley e havia recebido alta no domingo (23). Entretanto, ao ser internada no Hospital Pedro I, apresentava sinais de um possível AVC hemorrágico.

“A equipe médica realizou todos os procedimentos necessários para tentar salvar a paciente, mas infelizmente não foi possível. A causa da morte segue em investigação”, informou a Secretaria de Saúde.

O velório de Danielle ocorre nesta quarta-feira (26) na central de velórios A Viagem. O enterro está marcado para as 16h no Campo Santo Parque da Paz.