
Em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV nesta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “chantagem inaceitável” a carta enviada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que justificou o aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros com acusações contra o sistema político e judicial do Brasil.
Segundo Lula, o governo brasileiro tentou resolver o impasse por meio do diálogo diplomático. “Realizamos mais de dez reuniões com representantes dos Estados Unidos e, no dia 16 de maio, enviamos uma comunicação oficial que sequer foi respondida. Esperávamos uma resposta. O que veio foi uma chantagem inaceitável, com ameaças às instituições brasileiras e informações falsas sobre o comércio entre os dois países”, afirmou.
Defesa do Judiciário e crítica à interferência
Lula aproveitou o pronunciamento para defender o Judiciário brasileiro, que tem sido alvo de críticas de Trump, especialmente em relação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de tentativa de golpe em 8 de janeiro.
“Contamos com um Poder Judiciário independente. No Brasil, respeitamos o devido processo legal, a presunção de inocência, o contraditório e a ampla defesa. Tentar interferir na Justiça brasileira é um grave atentado à nossa soberania nacional”, declarou.
Em tom firme, o presidente reforçou que não aceitará imposições de lideranças estrangeiras:
“Não é um gringo que vai dar ordem a este presidente da República.”
“Traidores da pátria”
Lula também atacou políticos brasileiros que manifestaram apoio às medidas anunciadas por Trump, embora sem citar nomes diretamente.
“Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país nem com os danos causados ao nosso povo.”
Entre os aliados de Trump no Brasil, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem se destacado. Ele está licenciado do mandato e reside nos Estados Unidos desde março. Eduardo tem defendido publicamente as tarifas impostas por Trump, alegando que seriam uma resposta a supostos “abusos” do ministro Alexandre de Moraes e à ruptura de “valores do mundo livre”. O parlamentar é investigado em inquérito da Polícia Federal que apura sua atuação nos EUA.
Ataques ao Pix
Lula também reagiu à investigação aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA contra serviços digitais brasileiros. A medida, solicitada por Trump, não menciona diretamente o Pix, mas trata de “sistemas de pagamento eletrônico”, inclusive aqueles mantidos por governos.
“O Pix é do Brasil. É um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo, e vamos protegê-lo”, declarou Lula.
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