Silvinei Vasques mostra documentos que comprovariam sua inocência - Bruno Spada / Câmara dos Deputados

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques negou que a instituição tenha atuado politicamente no segundo turno das eleições presidenciais para favorecer o então candidato Jair Bolsonaro, fazendo operações de fiscalização principalmente na região Nordeste, onde o candidato Lula liderava as pesquisas de intenção de voto. Vasques depôs nesta terça-feira (20) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

O ex-diretor classificou a acusação como “a maior injustiça já realizada na história da PRF” e afirmou que, em 30 de outubro, data do segundo turno, a fiscalização foi menor no Nordeste do que em outras regiões. Ele acrescentou que, dos 618 pontos fiscalizados em todo o país, 310 corresponderam a locais onde Lula ganhou a eleição, e em 316, Bolsonaro foi o vencedor. Vasques disse que não houve registro de que alguém tenha deixado de votar por conta da fiscalização da Polícia Rodoviária Federal e somente cinco ônibus foram recolhidos em operações no Nordeste.

Houve divergências entre a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e Silvinei Vasques sobre o planejamento das operações da PRF durante as eleições e sobre os resultados da fiscalização. O ex-diretor reafirmou que não houve foco na região Nordeste. A relatora citou pagamento de diárias e apreensão de veículos como parte da operação Transporte Seguro que mostrariam uma preferência pela região.

“A informação que nós temos é que a definição específica dos lugares para fiscalização, que na praxe de operações é definida pelos superintendentes regionais, foi definida aqui no comando central. E neste comando central, foi apresentado inclusive um rito de atuação pelo Brasil inteiro. E nesse rito não constavam, por exemplo, outras regiões, apenas o Nordeste brasileiro. Há uma clara suspeição sobre esse planejamento”, disse a relatora.

“Mentiras”

Silvinei afirmou que não foi notificado e não tem conhecimento de qualquer investigação no âmbito da PRF sobre o fato e que não seria possível, em “nenhum órgão federal” cometer um crime dessa magnitude sem que uma conversa de corredor tenha sido levantada. Para ele, a denúncia é fantasiosa e foi propagada a partir de “mentiras”.

De acordo com Vasques, a informação de que a polícia rodoviária estaria dificultando o trânsito no Norte e no Nordeste se espalhou nas redes sociais a partir de três denúncias que, segundo ele, foram feitas por indivíduos que mentiram e estão sendo processados por isso. Uma das notícias se referia a um ônibus parado no município de Benevides (PA).

“Está o registro aqui, não tem como burlar. O ônibus ficou parado por 14 minutos no local com o tacógrafo estragado, e a polícia ainda fez a escolta do ônibus até a área de votação. Ninguém deixou de votar”, disse.

Ele reforçou a explicação questionando o fato de como a instituição conseguiria mobilizar 13 mil policiais no Brasil, orientando o que seria uma operação crimonosa, “sem ter uma conversa por WhatsApp, Telegram, sem ter uma reunião com esses policiais em qualquer delegacia do Brasil, sem ter um e-mail enviado?”.