Adriano Martins e Gabriel Silva

A Câmara Municipal de Bayeux viveu uma verdadeira turbulência política nesta terça-feira (26), após a vereadora Pastora Anunciada (PSB) surpreender ao reassumir o mandato apenas quatro dias depois de protocolar uma licença médica de 121 dias. A reviravolta colocou em dúvida a autenticidade do laudo apresentado e trouxe à tona denúncias de supostos acordos obscuros envolvendo figuras influentes da cidade.

Com a licença, a suplente Dani Dantas chegou a assumir a cadeira, mas deixou o posto rapidamente para retornar à secretaria que ocupa na Prefeitura de Bayeux. Na sequência, o novato Gabriel Silva foi empossado. O arranjo, no entanto, durou pouco: menos de uma semana depois, a própria Anunciada voltou ao plenário, alegando motivos financeiros para retomar suas atividades.

A situação levantou questionamentos sobre o cumprimento das normas internas da Casa. O Regimento Interno da Câmara de Bayeux estabelece, no Artigo 201, três hipóteses para licença de vereador:

  • por problema de saúde, comprovado por atestado médico, limitado a 30 dias por legislatura;

  • por missão temporária de interesse público ou cultural;

  • ou por interesse particular, sem remuneração, em período mínimo de 30 dias.

O mesmo artigo garante que, em caso de licença médica, o parlamentar segue recebendo salários normalmente. Já o Artigo 202 define que só haverá convocação de suplente se a licença for superior a 120 dias, sem possibilidade de somar períodos menores.

O retorno repentino da vereadora, portanto, coloca sob suspeita se os dispositivos regimentais foram respeitados ou se houve irregularidades.

A sessão em que Anunciada voltou ao cargo ganhou ainda mais tensão após declarações do presidente da Câmara, Adriano Martins (Republicanos). Ele afirmou em plenário que o ex-vereador Mizael Martinho, o Fofinho — marido da ex-prefeita Luciene Gomes — teria se comprometido a pagar um “complemento” ao salário da vereadora para que ela permanecesse licenciada.

“O que se falou é que Fofinho teria se comprometido a dar essa diferença para a pastora. Ele mesmo disse que tentou ligar para ela, mas ela não atendeu mais”, revelou Adriano.

Se confirmada, a denúncia significaria que os cofres públicos estariam arcando em duplicidade: com o salário da titular afastada e com o do suplente em exercício.

O clima ficou ainda mais pesado quando Gabriel Silva e Adriano Martins trocaram acusações em plenário. Em meio à discussão, o presidente da Casa disparou:

“Eu não tenho medo do senhor, só se houver uma covardia muito grande. Da covardia nem Jesus escapou. Seremos um defunto e o senhor um bandido que tirou a vida de um pai de família.”

Adriano também acusou Gabriel de utilizar assessores que, segundo ele, recebiam salários sem trabalhar:

“A pastora se licenciou, aí fizeram uma jeriquita para manter os assessores dela. Mas, na prática, eram assessores de Gabriel. Como iam pagar salário de quem não trabalhou?”, questionou.

Tanto Pastora Anunciada quanto Gabriel Silva chegaram à Câmara pelo PSB, com apoio de Fofinho, apontado como articulador do rodízio de cadeiras no partido. Embora fora do cargo, o ex-vereador segue influente nos bastidores e, segundo comentários nos corredores, trabalha para eleger um aliado à presidência da Casa no segundo biênio.

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