Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta
Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), acusou o Partido dos Trabalhadores (PT) de demonstrar uma “incoerência histórica” durante a votação do PL da Dosimetria, aprovado na madrugada desta quarta-feira (10/12). O confronto começou após o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), mencionar o ex-deputado Ulysses Guimarães — protagonista na elaboração da Constituição de 1988 — para criticar a condução da votação. Ele recordou que Motta citou Ulysses em seu discurso de posse e fez referência ao filme Ainda Estou Aqui.

Segundo Lindbergh, ao pautar o projeto, o presidente da Câmara estaria adotando uma postura contraditória diante de figuras históricas como Ulysses e Rubens Paiva. “Vossa Excelência falou de Ulysses Guimarães e mencionou o filme da vida de Rubens Paiva. A família de Paiva nunca viu os responsáveis serem julgados, assim como a de Vladimir Herzog. E agora o senhor coloca esse projeto por oportunismo, com uma finalidade clara: reduzir a pena de generais golpistas e do ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirmou o petista.

O líder do PT também acusou Motta de cometer ilegalidade.
“Vossa Excelência está cometendo um crime ao interferir em um julgamento em andamento. Existem núcleos que ainda serão apreciados. Lamentável”, completou.

Hugo Motta rebateu imediatamente:
“Respeito os que sobem à tribuna e continuarei a respeitar, mas ouvir reiteradas vezes integrantes do PT, partido cuja história reconheço, invocarem Ulysses Guimarães — quando o próprio PT votou contra a Constituição vigente — é de fato uma incoerência histórica”, declarou.

Logo depois, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que integrou a Assembleia Constituinte, tentou corrigir o presidente, mas ele a interrompeu. “Tenho respeito por Vossa Excelência, mas o que eu disse é que o PT votou contra a Constituição. E isso é fato”, insistiu Motta.

De fato, o PT votou contra a redação final da Constituição de 1988, como forma de protesto contra pontos considerados conservadores — entre eles, a autonomia das Forças Armadas e a jornada de trabalho não reduzida para abaixo de 40 horas. Contudo, após a aprovação, os parlamentares da sigla assinaram o texto.

O embate ocorre em meio ao agravamento da relação entre Motta e Lindbergh nas últimas semanas. Na terça-feira (9/12), o líder petista já havia acusado o presidente da Câmara de descumprir decisão judicial, afirmando que ele deveria responder por crime de responsabilidade e poderia até ser afastado do cargo.

“Hugo Motta deve responder por crime de responsabilidade. As decisões do STF nos casos de Carla Zambelli (PL) e Alexandre Ramagem (PL) são claras: quando há pena superior a 4 anos, cabe à Mesa Diretora afastar o parlamentar. No caso de Zambelli, por seis meses Hugo Motta empurrou o processo para a CCJ. Ele está descumprindo uma decisão judicial”, afirmou Lindbergh ao Metrópoles, coluna de Paulo Cappelli.

O deputado também acusou o presidente da Câmara de agir com pesos diferentes ao lidar com parlamentares bolsonaristas e governistas que ocuparam a Mesa Diretora em protestos recentes.

“Quando bolsonaristas invadiram a Mesa em agosto para pressionar pela anistia, Motta foi leniente. Hoje, colocou a Polícia Legislativa para reprimir deputados que protestavam pela manutenção do mandato de Glauber Braga. São dois pesos e duas medidas”, disse o petista.

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