A proposta de privatização da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) voltou a ser pauta nas Eleições 2022. Nos últimos debates televisivos deste segundo turno, na TV Arapuan, em João Pessoa, na Rede Ita e na Tv Borborema, ambas em Campina Grande, o governador João Azevêdo (PSB), candidato à reeleição, questionou o adversário Pedro Cunha Lima (PSDB) sobre suposta proposta de venda da concessão da empresa pública para o mercado privado.
Mas, o que muitas pessoas não sabem é que o debate sobre o tema está longe de ser novidade na Paraíba. Em 2017, em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, o ex-executivo da Odebrecht, Fernando Reis, afirmou que o ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB), pretendia no período das eleições de 2014, época em que foi candidato ao Governo da Paraíba, privatizar os serviços da Cagepa, através de negociação junto à Odebrecht Ambiental.
No depoimento, Fernando confirma que a empresa tinha interesse em desenvolver uma parceria público-privada para a área de saneamento e chegou a se reunir com Cássio, que demonstrou vontade em desenvolver o projeto. O então candidato ao Governo do Estado pelo PSDB teria pedido uma contribuição de R$ 800 mil (oitocentos mil reais), através de caixa 2, para sua campanha.
Fernando Reis afirma no vídeo, que autorizou o então diretor da odebrecht, Alexandre Barradas, a executar a operação de pagamento, por meio do departamento de operações estruturadas, responsável pelo repasse das propinas da companhia, na época do fato. Conforme a operação lava-jato descobriu, Cássio recebeu o apelido de “trovador”.
“Nesse caso, a nossa expectativa era que com essa contribuição de R$ 800 mil, que eu autorizei, se, de fato, o senador Cássio Cunha Lima fosse eleito, que ele pudesse levar a gente a esse processo, que é um processo competitivo, que você compete com outras empresas. […] A Paraíba é carente e precisa de investimentos em saneamentos e a gente queria ter a oportunidade de investir lá”, disse Fernando Reis, em delação.
Na época, Cássio Cunha Lima confirmou que recebeu doação da Braskem, que é do grupo Odebrecht, na campanha em 2014. “Essa doação foi devidamente declarada na minha prestação de contas”, alegou.
Confira o vídeo:
Proposta de Pedro Cunha Lima
Durante várias entrevistas no período de pré-campanha a governador, Pedro Cunha Lima do Estado, falou abertamente em privatização da Cagepa, mas neste segundo turno recuou depois de receber o apoio do senador Veneziano, frontalmente contra a privatização da Cagepa. Pedro então passou a cogitar apenas abrir concorrência para o saneamento básico da Paraíba. Enquanto deputado federal, ele votou favorável ao Novo Marco Legal do Saneamento.
“Eu nunca disse que queria privatizar. Eu quero resposta. Tem muita gente que não tem esgoto, quase metade da população não tem saneamento. A gente vai cruzar os braços e essas pessoas vão ficar como?”, questionou o ‘tucano’ no último debate, na Rede Ita, ao dizer que, se eleito, vai cobrar eficiência da empresa e adotar as medidas necessárias ao seu bom funcionamento.
Confira matérias sobre o tema publicadas na imprensa: