O deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) tem demonstrado ao longo de sua carreira uma notável habilidade para permanecer dentro de sua zona de conforto. Essa habilidade, no entanto, é paradoxalmente a sua maior fraqueza. Enquanto seus aliados próximos e eleitores esperam que ele se consolide como uma liderança de maior envergadura no estado, Romero parece preso a um casulo que o impede de alçar voos mais altos.
O histórico político de Romero é marcado por oportunidades perdidas e decisões que reforçam a percepção de que ele prefere não arriscar. Quando prefeito de Campina Grande, teve a chance de se lançar candidato ao governo da Paraíba nas eleições de 2018. No entanto, optou por continuar no cargo e indicou sua esposa, Micheline Rodrigues, para compor a chapa como vice-governadora ao lado de Lucélio Cartaxo. A escolha, que muitos viram como uma jogada conservadora, acabou em derrota acachapante no primeiro turno para João Azevêdo (PSB).
Nas eleições de 2022, já fora da prefeitura, Romero mais uma vez foi cortejado para disputar o governo estadual. A possibilidade de liderar seu grupo político, o tradicional Grupo Cunha Lima, estava em suas mãos. Contudo, em um movimento previsível, ele declinou e escolheu a candidatura mais segura de deputado federal. Embora tenha sido eleito com uma ampla votação em Campina Grande, a decisão frustrou aqueles que esperavam vê-lo assumir um papel mais proeminente no cenário estadual.
E, eis que o padrão de comportamento de Romero se repetiu, aliás, pela terceira vez. Em meio a especulações sobre uma possível candidatura à prefeitura de Campina Grande em 2024, e com sua popularidade ainda alta após uma gestão bem avaliada, Romero novamente recuou. Em vez de encabeçar uma chapa ou buscar novos aliados para ampliar sua base política, preferiu anunciar que não será candidato e que, mais uma vez, se manterá próximo ao seu grupo de origem, apoiando a reeleição do atual prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil).
Essa decisão foi recebida com desânimo por muitos de seus apoiadores e por aqueles que viam em Romero uma chance de renovação e liderança em Campina Grande. Sua hesitação em romper com o grupo Cunha Lima e explorar novas alianças políticas mostra uma falta de ousadia que, no longo prazo, pode custar caro. A política, afinal, é um jogo de oportunidades, e Romero parece ter uma habilidade única para deixá-las escapar.
BRUNO SOBE; ROMERO, DESCE
Enquanto fortalece a chapa de Bruno Cunha Lima para 2024, Romero também se distancia da possibilidade de se afirmar como uma liderança independente e inovadora na Paraíba. Suas repetidas desistências e sua recusa em sair da zona de conforto colocam em dúvida sua capacidade de firmar acordos sólidos e de construir um futuro político que vá além dos limites da Borborema.
O TEMPO DIRÁ!
O “cavalo selado” passou várias vezes por Romero Rodrigues, mas ele preferiu não montar. Essa postura, que pode parecer prudente a curto prazo, tende a limitar suas possibilidades políticas e a frustrar aqueles que ainda acreditam em seu potencial de liderança. Romero Rodrigues, ao que parece, ainda não aprendeu que, na política, a zona de conforto pode ser o caminho mais rápido para a irrelevância.
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