Queiroga fala, Efraim perde: o discurso que pode afastar os Cunha Lima do projeto da direita na Paraíba
Por ÂNGELO MEDEIROS em 29 de outubro de 2025
Enquanto Efraim Filho busca consolidar apoio dos Cunha Lima à sua pré-candidatura ao Governo da Paraíba, ex-ministro Marcelo Queiroga adota tom provocativo e amplia distanciamento político entre os grupos
Em meio à movimentação intensa que antecipa a disputa pelo Governo da Paraíba em 2026, uma série de declarações do ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao Senado, Marcelo Queiroga (PL), tem causado desconforto e ruído político entre aliados potenciais. Enquanto o senador Efraim Filho (União Brasil) — atualmente em missão oficial na China — tenta costurar uma aliança com o Grupo Cunha Lima, as falas públicas de Queiroga vêm tensionando os bastidores e distanciando ainda mais Pedro, Cássio e os demais membros da tradicional família campinense da pré-candidatura da direita.
Em entrevista recente à imprensa, Queiroga provocou reação imediata ao questionar o alinhamento político de Pedro Cunha Lima (PSD), ex-candidato ao Governo do Estado. “Se Pedro fosse de direita, ele estaria no PL, não no PSD”, afirmou, após ser lembrado de que o ex-deputado costuma se definir como político “de centro”.
No entanto, a tentativa de reforçar a legitimidade de seu campo ideológico acabou surtindo efeito oposto. Integrantes do Grupo Cunha Lima, que historicamente têm influência decisiva em Campina Grande e no cenário político estadual, viram nas declarações de Queiroga um gesto de hostilidade e desrespeito.
Na política, a construção precisa ser coletiva, mas quando um não quer, a chance de dar errado é quase certa.
A postura de Queiroga tem sido interpretada por alguns observadores políticos como um obstáculo ao projeto de Efraim Filho de formar uma chapa competitiva para 2026. Enquanto o senador busca ampliar pontes e agregar apoios — inclusive o dos Cunha Lima —, seu futuro aliado ao Senado adota um discurso de confronto que mina a convergência desejada.
Do outro lado, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que vai se filiar ao MDB do senador Veneziano Vital do Rêgo, tem se aproximado gradualmente do grupo de Cássio e Pedro Cunha Lima, atraindo o apoio de nomes estratégicos no tabuleiro político paraibano.
Se na política a harmonia é condição essencial para a construção de alianças sólidas, o recente desencontro entre Efraim e Queiroga pode custar caro. O silêncio diplomático do senador contrasta com o verbo afiado do ex-ministro — e, por ora, o que deveria ser um projeto conjunto começa a revelar fissuras antes mesmo de sair do papel.