A confirmação da presença de Ronaldo Cunha Lima Filho no ato de filiação de Cícero Lucena ao MDB não é apenas simbólica — é um recado político claro e direto sobre os movimentos que já começam a redesenhar o tabuleiro para 2026. Há quem tente minimizar o gesto, reduzindo-o a mera cordialidade entre figuras experientes da política paraibana, mas seria ingenuidade desconsiderar o peso que a família Cunha Lima carrega quando decide se aproximar ou se afastar de um projeto.
Ronaldo Filho não leva apenas o sobrenome de um dos maiores ícones da política paraibana, o ex-governador Ronaldo Cunha Lima. Ele carrega também o sinal de que o clã de Campina Grande, historicamente protagonista das grandes disputas estaduais, está observando — e se movimentando. Sua decisão de marcar presença justamente no ato que formaliza a entrada de Cícero no MDB não soa como coincidência. É, no mínimo, uma demonstração de que o grupo está disposto a conversar, avaliar caminhos e, se for conveniente, compor.
A leitura nos bastidores é praticamente unânime: trata-se de um gesto de reaproximação. Cícero, agora mais fortalecido internamente com o apoio nacional que sua filiação mobiliza, amplia também seu alcance simbólico ao atrair um nome que representa tanto para Campina Grande quanto para o eleitorado conservador tradicional do Estado.
É evidente que nenhuma aliança está oficializada — e talvez nem seja esse o momento. Mas, na política, gestos falam tão alto quanto anúncios. E o gesto de Ronaldo tem barulho de movimento estratégico.
Com figuras nacionais como Helder Barbalho e Baleia Rossi reforçando o ato desta segunda-feira, o MDB quer mostrar musculatura e unidade. E se a sigla conseguir, de fato, aproximar João Pessoa e Campina Grande em torno do mesmo projeto, terá em mãos uma combinação rara na Paraíba: capital político nas duas maiores cidades do Estado.
A pergunta que fica é: será apenas um aceno diplomático ou o primeiro passo concreto para uma composição robusta em 2026? A resposta, por enquanto, ainda está nos bastidores — mas os gestos perceberemos mais tarde, durante o evento tão esperado da oficialização do retorno de Cícero ao MDB.
Por @angelomedeiros