
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um crescente desgaste em sua rede de alianças no Nordeste, região historicamente vital para o PT, a um ano das eleições municipais e com vistas ao pleito presidencial de 2026.
A crise, detalhada em reportagem do Jornal O Globo publicada hoje, 30 de setembro de 2025, gira em torno da definição dos palanques estaduais e do risco de quatro siglas-chave – PSD, Republicanos, União Brasil e Progressistas (PP) – migrarem em peso para a oposição.
O principal fator de instabilidade é a pressão exercida pela federação entre União Brasil e PP e, em um cenário ainda mais ameaçador, a possível candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo a matéria, a federação já provocou a saída de ministros, como Celso Sabino (Turismo), e dificulta acordos nos estados.
Paraíba: Ruptura e ‘guerra’ por comando de federação
Na Paraíba, o impasse se manifesta de forma aguda na disputa interna pela liderança da Federação União-Progressistas, opondo duas alas com projetos e alinhamentos nacionais distintos:
A Base Governista (Pró-Lula): Liderado pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP), o grupo articula aliança com o PT. Aguinaldo trabalha para consolidar a pré-candidatura do seu sobrinho, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), ao governo do estado. Lucas já sinalizou claramente o apoio à reeleição presidencial petista, pavimentando o caminho para a base se consolidar, caso o governador João Azevêdo (PSB) confirme sua saída para disputar o Senado em abril de 2026.
A Oposição (Pró-Bolsonarismo e ruptura consolidada): Em contrapartida, o senador Efraim Filho (União Brasil) disputa o comando da mesma federação UP com um projeto totalmente alinhado à oposição. Efraim não apenas uniu forças com o Bolsonarismo e o Partido Liberal (PL) para se lançar como pré-candidato a governador, como formalizou o rompimento político com o Governo Lula após confirmar a aliança com o PL. O senador determinou a entrega imediata dos cargos federais por ele indicados no estado, a exemplo dos comandos dos Correios e da Codevasf na Paraíba, consolidando sua posição como líder dentro de uma fragmentada oposição.
O fator Republicanos e Tarcísio
A situação do Republicanos na Paraíba adiciona um peso significativo à balança de Lula. O partido possui uma forte bancada estadual e federal no estado, liderada pelo deputado federal Hugo Motta, que é o presidente estadual da legenda, e que inclui o presidente da ALPB, Adriano Galdino, este último auto-declarado o único pré-candidato a governador lulista de verdade no Estado.
Atualmente, o grupo do Republicanos mantém um alinhamento favorável ao governo Lula, tanto que o prefeito de Patos e pai de Hugo, Nabor Wanderley, é pré-candidato ao Senado Federal e busca, nos bastidores, este apoio. No entanto, o cenário de paz está sob ameaça: se o governador Tarcísio de Freitas, que, pertence ao Republicanos, apesar dos recuos recentes, decidir se candidatar à Presidência da República, o presidente nacional do partido, Marcos Pereira, já sinalizou que será necessário reforçar os palanques da oposição no Nordeste, o que poderia forçar este poderoso grupo paraibano a abandonar a base de Lula.
O cálculo nacional da oposição
Integrantes da oposição avaliam que a crise depende essencialmente da popularidade de Lula no próximo ano e da definição dos adversários.
O entendimento é que, caso Tarcísio opte pela reeleição em São Paulo e Lula mantenha bons índices, o governo federal poderá “bancar” candidaturas fortes no Nordeste, e, assim, escantear partidos e lideranças hesitantes, sem “medo de ser feliz”. No entanto, a força crescente da oposição na Paraíba e a ameaça de debandada do Republicanos demonstram que a estabilidade de Lula no Nordeste para 2026 permanece frágil, ainda à espera do contexto nacional para delimitar posições.
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