*Por Ângelo Medeiros
Redução expressiva nas administrações municipais reforça desafios da esquerda para as próximas eleições gerais.
Os partidos de esquerda no Brasil sofreram uma baixa histórica nas eleições municipais de 2024, conquistando o menor número de prefeituras em 20 anos. Juntos, PT, PSB, PDT, PC do B, PV, Rede e PSOL elegeram prefeitos em apenas 749 cidades, evidenciando uma redução constante que se intensificou nos últimos ciclos eleitorais.
Na Paraíba, a exceção foi o PSB o partido com maior número de prefeituras consolidadas dentre os 223 municípios, com 69 prefeitos filiados eleitos. Depois aparecem o PT e a Rede Sustentabilidade com apenas um prefeito eleito por cada legenda.
Entre as capitais, Fortaleza-CE, a eleição de Evandro Leitão (PT) representou a única vitória da esquerda no segundo turno das eleições municipais, e por pouca margem de votos contra André Fernandes (PL), em um Estado onde historicamente o Partido dos Trabalhadores obtinha excelentes resultados.
A trajetória de queda teve início após o auge em 2012, quando as legendas de esquerda atingiram o ápice ao comandarem 1.533 prefeituras no país, durante o período de popularidade de Dilma Rousseff (PT) na presidência. Naquele ano, Fernando Haddad (PT) foi eleito prefeito de São Paulo, e o PT conquistou, sozinho, 636 prefeituras, um marco que consolidou a liderança do partido na política municipal.
Desde então, os resultados das eleições municipais refletiram a instabilidade política e a fragmentação da esquerda brasileira. A derrocada de Dilma em 2016, após o impeachment, abriu um período de dificuldades, com o PT e aliados vendo sua presença municipal cair drasticamente. Em 2020, a pandemia da covid-19 acentuou o enfraquecimento de partidos como PSB, PV e PCdoB, que perderam quase metade das prefeituras conquistadas na eleição anterior.
Neste ano, com Lula de volta à presidência da República, o PT apresentou leve recuperação, elevando seu número de prefeituras de 183 em 2020 para 252 em 2024. Apesar desse avanço, o PSB superou a legenda petista, assumindo a liderança entre os partidos de esquerda com 309 prefeituras, um aumento expressivo em relação às 252 obtidas na eleição passada.
Por outro lado, outros partidos de esquerda enfrentaram perdas significativas. O PDT de Ciro Gomes viu uma queda expressiva no número de prefeitos eleitos, de 314 para 151, enquanto PCdoB e PV, aliados ao PT em federação, continuaram sua trajetória de declínio.
A redução do poder municipal representa um novo desafio para a esquerda, que já enxerga a eleição de 2024 como um termômetro para as eleições gerais de 2026. Com a base municipal enfraquecida, as principais lideranças dos partidos de esquerda, entre eles o presidente Lula (PT) pré-candidato à reeleição, avaliam novas estratégias para reaproximar-se, cada vez mais, das lideranças de ‘Centro’ que avançaram muito nas urnas, e tentar reconquistar espaço no cenário político nacional.