O Brasil caminha, aos poucos, para superar um dos episódios mais dramáticos de sua história recente: a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. Pela primeira vez, golpistas foram responsabilizados pelo gravíssimo crime de atentar contra as instituições do Estado de Direito — delito reiterado ao longo dos quatro anos do governo anterior e cujo corolário foram as invasões das sedes dos Poderes, uma semana após a posse de Lula.

Tentativas de golpe de Estado sempre foram tratadas como crimes menores, sustentando uma cultura de impunidade que atravessou toda a nossa história republicana. Felizmente, todas as tentativas de aprovar uma anistia aos golpistas do 8 de janeiro — já condenados ou ainda sob julgamento —, sobretudo ao ex-presidente Jair Bolsonaro, não prosperaram no Congresso. Ao menos por enquanto.

Caso obtenham maioria no Senado — 41 senadores—, os bolsonaristas poderão eleger o presidente da Casa e, entre outras iniciativas, autorizar a abertura de processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal. O ex-presidente Jair Bolsonaro conta com esse cenário para se livrar da prisão e da inelegibilidade e, caso consiga, o Brasil poderá naufragar novamente em uma crise institucional. São necessários 54 votos no Senado para aprovar o impeachment de ministros do STF.

Se o atual favoritismo de Lula se confirmar em um quarto mandato presidencial, e considerando a atuação da bancada bolsonarista ao longo da presente legislatura, a capacidade de gerar crises políticas será multiplicada muitas vezes — o que poderá paralisar o país. Em minoria, um eventual novo governo não conseguirá aprovar mudanças constitucionais; as CPIs se tornarão recorrentes; vetos presidenciais poderão ser derrubados, assim como indicações ao Supremo Tribunal Federal.

Em 2026, o Senado terá 54 vagas em disputa — dois terços da Casa. Entre esses 54 senadores, 33 são governistas e 15 oposicionistas, enquanto 6 se declaram independentes. No terço que permanecerá, a oposição bolsonarista já conta com 17 cadeiras. Faça as contas: a oposição precisará eleger 24 senadores, das 54 vagas, para alcançar a maioria. Já o governo necessitará de 32 senadores. Caso conquiste todas as cadeiras do Nordeste (18 vagas), bastarão mais 14 no restante do país. Ou seja, a batalha pelo Senado no Nordeste será estratégica para os destinos do que poderá ser o último mandato de Lula na vida pública — caso, claro, ele consiga a reeleição.

Na Paraíba, serão duas vagas em disputa e, pelo menos, quatro candidatos disputando como chances de vitória foram lançados até agora: João Azevedo,Nabor Wanderley, Veneziano Vital e Marcelo Queiroga. O eleitor levará em conta o potencial dessa disputa e os impactos dela no futuro politico do país? A conferir.