Ronaldinho Cunha Lima

A dimensão dos apoios anunciados aos principais candidatos ao governo da Paraíba nos últimos dias é incomparável. Embora um tenha sido o todo-poderoso presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba ao longo dos últimos oito anos e o outro um bem-sucedido empresário do setor de eventos, o que ambos representam têm tamanhos políticos e simbólicos muito distintos.

O anúncio feito hoje por Ronaldo Cunha Lima Filho de apoio à candidatura de Cícero Lucena ao governo da Paraíba, durante o ato de filiação do prefeito de João Pessoa ao MDB, foi como uma pesada nuvem escura que cobriu a breve primavera ensolarada de Licas Ribeiro, provocada depois do anúncio do apoio do deputado estadual Adriano Galdino à sua candidatura a governador.

Mesmo com toda a estrutura da Assembleia, Adriano Galdino não conseguiu se transformar numa liderança estadual, e a desistência antecipada de sua postulação é uma demonstração disso. No caso de Ronaldinho, embora ele tenha ressaltado que seu apoio é individual, certamente não se trata de um gesto isolado, considerando a liderança que o primogênito de Ronaldo exerce hoje sobre a família Cunha Lima, sobretudo na ausência de Cássio, atualmente estabelecido em Brasília. Aliás, do ponto de vista estratégico, o que Ronaldinho fez foi abrir alas para o anúncio da decisão mais importante e muito mais impactante, que deve ser anunciada em breve: a da retirada da candidatura de Pedro Cunha Lima em apoio a Cícero Lucena.

Se for isso mesmo, começa a ser pavimentada a estrada que conduzirá à formalização da aliança entre o prefeito de João Pessoa e de seu vice — e futuro prefeito — Léo Bezerra, que fez um discurso bastante empolgado hoje na Blunelle, com o grupo Cunha Limaque governa Campina Grande, sem esquecer o anfitrião, o senador Veneziano Vital do Rego. São os dois maiores e mais influentes grupos políticos da Rainha da Borborema.

E não apenas isso. Antes do discurso de Ronaldinho, os presentes ao ato viram o deputado federal Romero Rodrigues aparecer no telão para saudar o ingresso de Cícero no MDB. E Romero é hoje uma das maiores lideranças individuais de Campina Grande, senão a maior.

Enfim, o anúncio público do apoio de Ronaldinho e de Romero Rodrigues a Cícero Lucena tem um peso muito, muito maior que o de Adriano Galdino a Lucas Ribeiro — e não apenas eleitoral. Há uma carga histórica de reencontro, como uma dívida política que estava em aberto desde 2010, quando Cícero tentou ser candidato a governador pela primeira vez (poderia ter sido já em 2002, quando abriu mão para Cássio), dívida que agora começa a ser paga.

É com esse peso histórico — que vai além da experiência no confronto com Lucas Ribeiro — que Cícero Lucena inicia seu caminho rumo à realização do sonho de ser finalmente eleito governador da Paraíba. Um sonho acalentado por alguém que já foi ministro de Estado, senador e prefeito da maior cidade da Paraíba por quatro mandatos. Ainda que Cícero já tenha sido governador, não o foi por eleição, mas, ainda muito jovem — como hoje é Lucas Ribeiro — ao assumir o cargo por menos de um ano quando Ronaldo Cunha Lima se afastou para disputar o Senado.

Se há destino, eu não sei dizer. Se Deus escreve por linhas tortas, também não. Mas a história de vida de Cícero Lucena é a história de quem ocupou quase todos os cargos de relevância que um político paraibano pode almejar. E hoje, por caminhos incompreensíveis, tudo parece conspirar para um desfecho feliz desse caso de amor e desamparo entre Cícero Lucena e a políticaele chegou a desistir dela, mas ela, a política, sinuosa como é, parece que nunca desistiu de Cícero. E agora prepara para ele um ato final de redenção.

Além dos Cunha Lima, a Paraíba deve a Cícero Lucena a chance de elegê-lo governador?

 

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