Num gesto que expõe o desgaste das interferências de Ricardo Coutinho no PT da Paraíba, o deputado federal Luiz Couto rompeu o ciclo de disputas internas e anunciou apoio ao governador João Azevêdo (PSB) para o Senado em 2026. E não veio só: trouxe consigo antigos aliados das dissidências petistas que, por anos, alimentaram o racha interno estimulado pelo ex-governador.
Ao lado de Couto agora estão nomes como Antonio Barbosa — ex-presidente do PT de João Pessoa e atualmente dirigente do Incra no estado —, Luizinho Nunes (chefe de gabinete), o superintendente de Agricultura do Governo Lula na Paraíba, conhecido como “Legal”, e o professor da UFPB, Rodrigo Freire, que, apesar de não ter participado das batalhas internas do passado, simboliza a adesão de novos quadros ao projeto.
A decisão sinaliza um esgotamento da ala que, historicamente, puxou o PT para derrotas fragorosas. Basta lembrar as intervenções da então presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, nas eleições municipais de 2020 em João Pessoa, quando a candidatura de Anísio Maia — hoje no PSB — foi retirada para dar lugar ao nome de Ricardo Coutinho, que concorria em meio às acusações da Operação Calvário. O resultado foi desastroso: apenas 38.969 votos, um desempenho pífio que deixou o petista na sexta colocação.
Dois anos depois, o roteiro se repetiu nas eleições de 2022. Apesar de o PT da Paraíba, sob comando de Jackson Macedo, defender apoio à reeleição de João Azevêdo, a executiva nacional novamente decidiu seguir Ricardo Coutinho e embarcou na candidatura de Veneziano Vital do Rêgo (MDB) ao governo. O saldo voltou a ser negativo: quarto lugar, com 373.511 votos (17,16%).
O movimento expõe uma mudança de eixo dentro do PT paraibano: setores que antes se alinhavam a estratégias desastrosas agora migram para uma composição mais pragmática. O recado é claro — e incômodo para alguns: o tempo da tutela de Ricardo Coutinho dentro do partido parece estar perdendo força.
Por @angelomedeiros
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