
O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, desponta hoje como o grande favorito a vencer a eleição para governador no próximo ano. Obviamente, como já lembrado aqui na semana passada, favoritismos nem sempre se confirmam quando as urnas são abertas na Paraíba.
Embora seja prudente recordar o velho jargão de que “cada eleição é uma eleição” — ou seja, as circunstâncias eleitorais mudam e jamais se repetem —, é bom ressaltar que o amplo favoritismo de Lucena é diverso do que outros candidatos ostentaram em pleitos passados.
O que estou tentando dizer é o seguinte: a força eleitoral que Cícero Lucena demonstra hoje nas pesquisas soma-se a outras variáveis, digamos, de médio e longo prazos. No caso da eleição de 2026, um primeiro aspecto a ser analisado será a disposição do eleitorado em dar ou não continuidade ao ciclo político-administrativo que completará 16 anos, que foi iniciado por Ricardo Coutinho, em 2011, e seguido por João Azevedo, a partir de 2019. Afinal, o que potencializou as derrotas de José Maranhão, em 2010, е Cássio Cunha Lima, em 2014, ambas para Ricardo Coutinho, não foi exatamente o esgotamento de suas lideranças?
O ciclo do PSB paraibano está esgotado, como aconteceu em Pernambuco depois de uma hegemonia de 16 anos iniciado por Eduardo Campos e encerrada com a derrota para Raquel Lyra, em 2022? Ou esse modelo ainda tem lenha queimar? Lucas Ribeiro será visto mais como um sopro de renovação ou como uma continuidade, embora de perfil mais conservador? Aliás, o resultado apertado de 2022 — quando João Azevedo correu risco de ser derrotado no segundo turno pela candidatura de Pedro Cunha Lima, considerada inexpressiva no início da campanha — já era um sintoma desse esgotamento?
Uma segunda questão, decorrente da primeira e mais palpável hoje, é a capacidade que Cícero Lucena tem demonstrado para atrair apoios e fazer alianças com a mesma oposição que quase derrotou João Azevedo. Soma-se a isso a dificuldade da base governista em manter a unidade, que começou a se esgarçar já em 2022, com a perda de Veneziano Vital e Efraim Filho para a oposição — e ambos continuam hoje onde estavam.
A base de João Azevedo perdeu Cícero Lucena. Não se trata de uma perda qualquer, já que trata-se do prefeito do maior colégio eleitoral da Paraíba, cuja influência se irradia para outras grandes cidades vizinhas à capital. Esse rompimento pode resultar, como tudo faz crer, numa aliança poderosíssima que, caso se concretize, potencializará ainda mais o favoritismo de Cícero.
E isso, hoje, significa expectativa de vitória e de poder, esse perfume irresistível que todo político vive a procurar nos ares a cada eleição. Lembremos que, em 2010, foi a aliança entre as maiores lideranças de João Pessoa (Ricardo Coutinho) e Campina Grande (Cássio Cunha Lima) que possibilitou ao candidato da oposição superar a desvantagem de concorrer contra a máquina do governo estadual. Há, ainda, uma diferença substancial: hoje, diferentemente de 2010, a prefeitura de Campina Grande está nas mãos de um Cunha Lima.
Resta saber se a estratégia de Cícero Lucena vislumbra resolver a eleição já no primeiro ou se projeta um segundo turno. Essa escolha terá implicações diretas na sua política de alianças.
Mas, esse é um assunto para tratarmos depois.
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