
Muita gente anda apontando o favoritismo do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, como se a eleição para governador fosse amanhã. O próprio Lucena tem usado esse discurso para reivindicar a vaga de candidato governista à sucessão de João Azevêdo. Tudo bem, é um discurso poderoso, mas acreditar nele não raro pode levar a desastres eleitorais.
Os exemplos históricos das eleições na Paraíba são abundantes a confirmarem essa assertiva. A lista de favoritos a um ano da eleição que acabaram derrotados — ou penaram para vencer — é longa:
Em 1990, Wilson Braga era favorito; deu Ronaldo Cunha Lima.
Em 1994, Lúcia Braga, favoritíssima, perdeu para Antônio Mariz.
Em 2002, o amplo favoritismo de Cássio Cunha Lima quase sucumbiu diante de Roberto Paulino, que perdeu a eleição por conta do mau desempenho no último debate da Globo.
Em 2006, José Maranhão era considerado eleito um ano antes do pleito e acabou derrotado por Cássio.
Em 2010, de novo apontado como favorito, Maranhão tentou a reeleição e sofreu um revés surpreendente diante de Ricardo Coutinho.
Em 2014, Cássio já falava como governador eleito, rejeitou alianças e apoios, entrou de salto alto na campanha e terminou derrotado por Ricardo Coutinho.
Em 2017, ninguém levava a sério a candidatura de João Azevêdo. Um ano depois, foi ele quem venceu a eleição. No primeiro turno.
Em 2021, havia dúvidas até se a oposição lançaria candidato contra Azevêdo. Em outubro do ano seguinte, Pedro Cunha Lima, lançado às pressas, quase venceu o atual governador no segundo turno.
Agora, em 2025, Cícero Lucena desponta como candidato ao governo da Paraíba ostentando uma sólida liderança nas pesquisas. Lucas Ribeiro, porém, cresce lenta e consistentemente a cada pesquisa. Candidato à reeleição, afora atributos pessoais com a juventude, Lucas Ribeiro contará não apenas uma máquina administrativa poderosíssima, mas também com o apoio de três das maiores estruturas partidárias atuais da Paraíba — talvez quatro, se o PT se somar à aliança no futuro: Progressistas, Republicanos e PSB.
Enfim, é bom que ninguém subestime Lucas Ribeiro, sobretudo Cícero Lucena.
*Texto publicado inicialmente no Blog Pensamento Múltiplo.