A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) oficializou neste domingo (14) a renúncia ao mandato parlamentar, enquanto permanece presa na Itália e sob processo de extradição para o Brasil. A decisão foi comunicada à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados e confirmada pela Presidência da Casa.
A renúncia ocorre em meio a uma sequência de episódios que expõem o embate entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Na última quarta-feira (10), Zambelli foi “salva” pelos próprios colegas de plenário, após a Câmara rejeitar, por falta de votos, a cassação do seu mandato, mesmo diante das condenações já impostas pela Justiça.
Foram 227 votos favoráveis à perda do mandato, 110 contrários e 10 abstenções — número insuficiente para afastar a parlamentar. Horas depois, o ministro Alexandre de Moraes derrubou a decisão da Câmara, entendimento que foi seguido pela Primeira Turma do STF, determinando a cassação do mandato.
Na bancada paraibana, apenas o deputado Cabo Gilberto Silva saiu em defesa de Zambelli. Aguinaldo Ribeiro, Mersinho Lucena, Gervásio Maia e Luiz Couto votaram pela cassação. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não participou da votação, amparado pelo regimento interno, enquanto outros seis deputados da Paraíba se ausentaram.
Com a renúncia, Hugo Motta determinou a imediata convocação do suplente Adilson Barroso, do PL de São Paulo, que assumirá a cadeira deixada pela ex-deputada.
Em sua carta, Zambelli voltou a alegar perseguição e afirmou que sua “história pública não foi forjada”. “A verdade foi dita, a história foi escrita e a minha consciência permanece livre”, escreveu.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), admitiu que a renúncia integra uma estratégia jurídica para tentar melhorar a situação da parlamentar no exterior. Segundo ele, a medida amplia as chances de liberdade e permanência de Zambelli na Itália.
“A renúncia vai dar a ela mais possibilidades de defesa para ser solta e permanecer na Itália”, declarou à GloboNews.
Apesar da manobra, a renúncia não altera o desfecho jurídico do caso. As condenações contra Carla Zambelli seguem em vigor e já preveem a perda de seus direitos políticos, tornando a ex-deputada inelegível, independentemente de sua saída formal do mandato.
Confira a nota da presidência da Câmara:

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