Polo Turístico de Cabo Branco - Foto: Reprodução
Polo Turístico de Cabo Branco - Foto: Reprodução

Do setor moveleiro ao artesanato, empresas paraibanas se preparam para atender à alta demanda do complexo

As obras do Polo Turístico Cabo Branco, em João Pessoa, seguem em ritmo acelerado e começam a redesenhar o futuro do turismo na Paraíba. Considerado o maior projeto turístico planejado em execução no Brasil, o complexo reunirá hotéis, resorts, parque aquático, parque temático, além de espaços comerciais e de serviços.

Com previsão de dobrar a capacidade de hospedagem do estado, que passará a contar com cerca de 30 mil leitos, o Polo se consolida como um marco para o desenvolvimento da região. Atualmente, dez empreendimentos já estão contratados, entre eles: Ocean Palace Jampa Eco Beach Resort, Amado Bio & SPA Hotel, Tauá Resort & Convention João Pessoa, Acquaí Parks & Resort, Holanda’s Gold Resort Club, Mardisa Hotel e Resort, W.A.M. Experience, Hotel Resort Setai, The Westin João Pessoa e o Parque Terra dos Dinos.

Somados, os investimentos ultrapassam R$ 2,8 bilhões e deverão gerar cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos apenas na fase de construção. Mas o impacto econômico vai além dos canteiros de obras: o projeto abre caminho para o fortalecimento de toda a cadeia produtiva local, estimulando fornecedores paraibanos a atenderem novas demandas.

Oportunidades para a indústria paraibana

O presidente da Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep), Rômulo Polari, destaca que o momento é de aproximação entre investidores e produtores locais.

“O Polo é um projeto de grande escala, que vai precisar de materiais e insumos diversos. Estamos falando de quase 14 mil leitos em construção, o que naturalmente pressiona a capacidade de fornecimento. Algumas fábricas de blocos, por exemplo, já sentem os efeitos da demanda, e em breve o mesmo deve ocorrer com outros setores que abastecem hotéis e resorts”, explicou.

Segundo ele, o cenário representa uma janela de oportunidades para empresas que consigam oferecer qualidade, regularidade e escala.

“Esses empreendimentos vão receber um público com alto poder aquisitivo. A qualidade é o primeiro requisito, mas também é preciso garantir fornecimento constante e em larga escala”, completou.

Produção local em ascensão

Algumas empresas já se mostram prontas para esse novo momento. Um exemplo é a Cabanna Móveis, marca paraibana que há mais de uma década transforma a natureza brasileira em inspiração para o design de móveis de área externa. Desde 2015, a empresa produz suas próprias peças, presentes em feiras e eventos nacionais de decoração.

“A Cabanna já se posiciona para esse crescimento com estrutura produtiva robusta, tecnologia e design autoral voltado para ambientes de alto fluxo, como piscinas, restaurantes e lounges. Nossos móveis unem conforto e resistência, com soluções sob medida que valorizam cada projeto arquitetônico”, afirma Walker Cunha, diretor da empresa.

Identidade paraibana e valorização cultural

O projeto também abre espaço para que a cultura e a identidade local estejam presentes nos empreendimentos. A Paraíba reúne mais de três mil rendeiras no Cariri, núcleos de cerâmica em comunidades quilombolas e uma forte tradição coureira em Cabaceiras, onde cerca de 400 artesãos produzem artefatos de couro caprino com técnicas sustentáveis e naturais.

A gestora do Programa do Artesanato Paraibano, Marielza Rodriguez, explica que o Governo do Estado vem fortalecendo o setor com políticas de qualificação e profissionalização.

“Desde 2019, trabalhamos para dar visibilidade ao artesão local, com capacitação e parcerias com o Sebrae. Isso prepara o profissional para precificar, agregar valor e garantir acabamento de qualidade com identidade própria”, afirma.

Segundo ela, a expectativa é que o artesanato paraibano esteja presente na decoração e nas lojas de diversos empreendimentos do Polo.

Sustentabilidade e formação de mão de obra

Outro destaque da indústria local é a fábrica de móveis ESSANTO, com quase três décadas de atuação e estrutura para atender grandes redes hoteleiras.

“Os empreendimentos exigem peças com especificações técnicas precisas e acabamento compatível com o alto padrão — e é nisso que investimos”, explica Adeilton Pereira, sócio-diretor do Grupo Officina, que integra a ESSANTO.

Com produção localizada no Nordeste, a empresa oferece prazos reduzidos e custos mais competitivos que os de fabricantes do Sul, além de apostar em práticas sustentáveis, como uso de matéria-prima certificada, energia limpa e gestão de resíduos. A ESSANTO também forma sua própria mão de obra, em parceria com o Centro de Formação Educativo Comunitário (CEFEC), capacitando jovens em marcenaria e inserindo-os no mercado de trabalho.

Um ciclo virtuoso para a economia paraibana

O movimento de integração entre o Polo Turístico Cabo Branco e os fornecedores locais já projeta efeitos positivos para a economia paraibana. Ao fortalecer as cadeias produtivas regionais, o projeto tende a estimular novos investimentos, gerar empregos e ampliar a renda, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento que beneficia diversos setores.

As primeiras operações turísticas do Polo estão previstas para o verão de 2026, com inaugurações contínuas até 2029, segundo informações da Cinep.

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