
Por Ângelo Medeiros
A tão esperada reunião entre o presidente estadual do Republicanos, deputado federal Hugo Motta, e a bancada de vereadores do partido em João Pessoa aconteceu neste sábado (4), na sede da legenda, instalada em uma das torres do moderno edifício DCT, às margens da BR-230. O encontro, que prometia definições, terminou deixando no ar mais perguntas do que respostas — e a certeza de que o equilíbrio entre lealdade partidária e pragmatismo político será o verdadeiro teste de unidade para o Republicanos nos próximos meses.
De acordo com informações de bastidores, Hugo Motta usou um tom conciliador ao defender a importância da unidade em torno do projeto governista que o partido já integra, hoje representado pelo governador João Azevêdo (PSB). O discurso, no entanto, não foi recebido sem ressalvas. A maioria dos vereadores presentes expressou simpatia pela manutenção da aliança com o prefeito Cícero Lucena, que segue sem partido, mas com ampla base de apoio na capital.
Em outras palavras: há um desejo velado de acompanhar Cícero Lucena em um eventual apoio futuro ao Governo do Estado, mesmo preservando o voto para os candidatos ao Senado alinhados com o Republicanos — João Azevêdo e Nabor Wanderley, pai de Hugo Motta.
O contexto explica o impasse. Dois dos vereadores presentes — Marmuthe Cavalcanti, secretário de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), e Marcílio do HBE, secretário da Semob — ocupam cargos estratégicos na gestão de Cícero. Já os suplentes Mikika Leitão e Vamberto Ulisses assumiram vagas abertas justamente em função desses convites para o Executivo municipal. Ou seja, o vínculo administrativo e político com o prefeito é direto e significativo.
Fontes relataram que Hugo Motta ouviu todas as ponderações com atenção, mas manteve o discurso público da unidade partidária e da coerência com o projeto estadual. A reunião terminou sem uma definição concreta sobre o posicionamento do partido em relação ao pleito de 2026, deixando o tema em aberto — e a imprensa com a versão protocolar de “aliança mantida e diálogo contínuo”.
Nos bastidores, porém, o sentimento é outro: a base do Republicanos em João Pessoa tenta conciliar fidelidade partidária com sobrevivência política, em um cenário em que o apoio ao prefeito pode pesar mais localmente do que a obediência à cúpula estadual.
No fim das contas, o encontro deixou claro que o Republicanos caminha sobre uma linha tênue entre coerência institucional e autonomia política municipal. A decisão sobre o apoio ao Governo do Estado ainda será adiada — mas o jogo, definitivamente, já começou.
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