Áudio vazado pelo Estadão revela que Bolsonaro preferia Wellington Roberto para comandar o PL na Paraíba e ignora Cabo Gilberto
Na gravação, Bolsonaro afirma que gostaria de ver o deputado federal Wellington Roberto à frente do PL no estado, em vez do também deputado Cabo Gilberto Silva

Um áudio atribuído ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), divulgado pelo jornal Estadão nesta segunda-feira (29), expôs uma preferência interna que promete acirrar ainda mais a crise no diretório do PL na Paraíba. Na gravação, Bolsonaro afirma que gostaria de ver o deputado federal Wellington Roberto à frente da legenda no estado, em vez do também deputado e aliado de primeira hora, Cabo Gilberto Silva.

A mensagem foi enviada diretamente ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, em meio à disputa interna que dividiu o partido no estado. No trecho divulgado, Bolsonaro demonstra preocupação com o racha e se posiciona a favor de Wellington Roberto.

“Ô Valdemar, tá dando atrito forte aí entre o deputado Wellington Roberto e o Cabo Gilberto. Isso aí o que tá acontecendo lá na Paraíba… O pessoal nosso tá fugindo. Então tem que apagar esse incêndio imediatamente. A decisão é tua. Eu vou pelo Wellington Roberto assumir aquele negócio lá, mas a decisão é tua, ok. Valeu”, afirmou o ex-presidente.

A declaração caiu como um balde de água fria para Cabo Gilberto, um dos parlamentares mais fiéis ao bolsonarismo no Congresso e uma das principais vozes da direita radical na Paraíba. Durante o mandato de Bolsonaro, Gilberto atuou como defensor ferrenho do ex-presidente, construindo sua carreira política sob o discurso bolsonarista.

Por outro lado, Wellington Roberto, embora tenha sido aliado do governo Bolsonaro, hoje está fora do PL e apoia o governador João Azevêdo (PSB), próximo do presidente Lula (PT), adversário direto de Bolsonaro. Atualmente, Roberto se alinha ao Centrão e mantém uma postura mais pragmática no cenário político estadual.

A escolha de Bolsonaro foi interpretada por aliados de Gilberto como um gesto de desconsideração e até traição. Para membros do núcleo bolsonarista mais fiel, a sinalização do ex-presidente em favor de um político hoje distante de sua base ideológica é vista como um “tapa na cara” em Cabo Gilberto. O episódio aprofunda a crise interna do PL paraibano e expõe as tensões entre fidelidade ideológica e articulações políticas.

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