
Em meio ao avanço das arboviroses na Paraíba, com destaque para a dengue, o chikungunya e a zika, um fato alarmante acende o sinal de alerta em Santa Luzia: o completo abandono do Yayu Clube “Sede Nova” o transformou em um possível criadouro do mosquito Aedes aegypti, transmissor das três doenças.
Longe da polêmica que envolve a possível desapropriação do imóvel pela Prefeitura, uma constatação salta aos olhos de quem passa pelo local: o mato alto, as estruturas deterioradas e, sobretudo, as piscinas abandonadas e acumulando água parada, se tornaram ambiente ideal para a proliferação do vetor das doenças que mais preocupam as autoridades de saúde em 2025.
Apesar de alguns moradores e defensores da memória afetiva tentarem romantizar a situação do clube, o estado atual da “Sede Nova” é inegavelmente de abandono. Sem recursos financeiros e com uma diretoria enfraquecida, o local — que já foi palco de grandes festas juninas e orgulho da população santaluziense — hoje representa um risco à saúde pública.
A situação crítica do clube evidencia a urgência de ações concretas. A desapropriação pelo Poder Público, nesse cenário, não aparece mais como uma disputa política ou ideológica, mas sim como uma medida necessária para resgatar um espaço historicamente relevante e, ao mesmo tempo, eliminar um foco de ameaça sanitária.
Avanço das doenças
De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) nesta terça-feira (3), a Paraíba já registrou 5.533 casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti até o mês de maio deste ano. Desses, 4.431 foram casos de dengue, representando mais de 80% do total. Também foram identificados 449 casos de chikungunya (8,11%), oito de zika (0,14%) e 645 de febre oropouche (11,66%).
A preocupação se intensifica com a confirmação de duas mortes no estado em 2025: uma por dengue, em São Domingos do Cariri, e outra por chikungunya, em Campina Grande. Outros 11 óbitos seguem sob investigação.
Mesmo com uma leve redução no número absoluto de casos em comparação ao mesmo período do ano passado — quando foram registrados 9.819 casos de dengue, 1.228 de chikungunya e 64 de zika —, as autoridades alertam para a necessidade de intensificar o combate aos focos do mosquito, principalmente em áreas urbanas negligenciadas.
Uma questão de saúde pública
A atual situação do Yayu Clube “Sede Nova” transcende o debate sobre patrimônio ou memória histórica. Trata-se, acima de tudo, de um problema de saúde pública. Deixar que o clube permaneça fechado, sem manutenção e com acúmulo de água parada, é permitir que a cidade conviva com um criadouro a céu aberto do mosquito que pode matar.
Em tempos de epidemias e crescimento de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, é dever do poder público e da sociedade civil unir esforços para combater os focos e proteger a população. O Yayu Clube precisa de um novo destino — e que esse seja em favor da vida.
Veja imagens das piscinas do Yayu Clube:

Foto: Poder Paraíba

Foto: Poder Paraíba