A vereadora Raíssa Lacerda (PSB) ocupou a tribuna da Câmara Municipal de João Pessoa nesta terça-feira (15) para criticar a sua prisão no âmbito da Operação Território Livre, que investiga suposto aliciamento violento de eleitores em troca de votos. A parlamentar classificou sua detenção como injusta e direcionou acusações ao presidente da Casa Napoleão Laureano, Dinho Dowsley (Avante), afirmando que ele deveria ser o alvo das investigações, já que alguns dos envolvidos seriam seus assessores.
Raíssa foi detida preventivamente no dia 19 de setembro, durante a operação conduzida pela Polícia Federal, mas atualmente responde em liberdade após cumprir medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica. Da tribuna, ela se declarou inocente e destacou o envolvimento de três assessores ligados a Dinho. “Eu quero dizer aos meus pares que sou inocente, sofri um calvário e o que mais me chamou a atenção foi ser presa com três assessores do presidente da Casa”, afirmou.
Ela citou nominalmente Pollyana Dantas e Taciana Nascimento, que atuam no Bairro São José, e Josivaldo, que seria apoiador próximo de Dinho. Segundo a vereadora, Pollyana teria, inclusive, restringido o acesso de Raíssa ao bairro. “Saiu no Fantástico. Não é Raíssa que está a dizer, não. É a Polícia Federal”, declarou.
Resposta de Dinho e a judicialização das acusações
Durante a sessão, o presidente Dinho Dowsley, que conduzia os trabalhos, contestou a fala de Raíssa e lembrou que sua presença na tribuna estaria em desacordo com as medidas judiciais impostas, sugerindo que ela havia desrespeitado uma das condições para permanecer em liberdade. “Vossa excelência não poderia nem estar falando no pequeno expediente porque está quebrando uma medida judicial”, afirmou.
Ele também desafiou a vereadora a provar na Justiça as acusações feitas contra ele e seus assessores. “Eu entendo o momento vivido pela vereadora Raíssa, que tem todo o direito de se defender, mas não vou admitir envolvimento com meu nome em questões relativas à vida dela”, disse Dinho, reforçando que buscará amparo judicial para se defender das acusações.
Operação Território Livre
A Operação Território Livre, conduzida pela Polícia Federal, investiga suspeitas de compra de votos e aliciamento de eleitores em João Pessoa. A prisão de Raíssa Lacerda ocorreu em meio a essa investigação, que resultou em diversas detenções. Desde sua soltura, a vereadora vem tentando reverter as medidas cautelares impostas, mas o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) negou o pedido de suspensão dessas restrições.
A retomada das atividades parlamentares de Raíssa e suas declarações têm gerado tensão na Câmara de João Pessoa, especialmente diante das acusações envolvendo o presidente Dinho e os assessores citados. A situação promete novos desdobramentos, com a judicialização das denúncias e a defesa dos envolvidos na esfera legal.