Faltando apenas cinco dias para o prazo final das convenções municipais em Campina Grande, o silêncio do deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) sobre sua participação nas eleições municipais de 2024 é ensurdecedor. Ex-prefeito da cidade por dois mandatos consecutivos, Romero é uma figura central na política local, conhecido por sua habilidade de articulação e influência. No entanto, sua atual falta de posicionamento sobre a disputa eleitoral tem gerado incertezas e especulações, tanto entre aliados quanto entre opositores.
Romero Rodrigues foi, na última eleição de 2020, o principal apoiador do atual prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (União Brasil). A aliança entre os dois parecia sólida, mas o afastamento de Romero do prefeito nos últimos dois anos sugere um possível rompimento. Esse distanciamento é ainda mais intrigante à medida que os apelos para que ele se candidate novamente ao cargo de prefeito se intensificam. Seus aliados querem uma definição, mas Romero continua reticente, deixando muitos se perguntando: qual é o verdadeiro plano do deputado?
A incerteza em torno de Romero se reflete nas movimentações dos partidos de oposição. Tanto o Republicanos quanto o PSB tentaram atrair o ex-prefeito para suas fileiras, mas a falta de decisão por parte de Romero acabou por afastá-los. O PSB, partido do governador João Azevêdo, já lançou Dr. Jhony Bezerra como pré-candidato, e o Republicanos, que chegou a oferecer a presidência municipal a Romero, decidiu aliar-se ao PSB, cansado de esperar por uma resposta que nunca veio.
Enquanto isso, Romero justifica sua hesitação com a necessidade de “discernimento de Deus”. Essa postura de espera pode ser vista de diferentes ângulos. Para alguns, trata-se de uma estratégia calculada: esperar até o último momento para tomar uma decisão que maximizará seu poder de negociação e influência. Para outros, é uma demonstração de indecisão ou, pior ainda, de falta de liderança em um momento crítico.
Será que Romero Rodrigues está planejando um retorno triunfal ao lado de Bruno Cunha Lima, reatando os laços com o grupo político “Cunha Lima”? Ou ele está de olho em um cenário maior, talvez as eleições de 2026, onde poderia precisar de mais independência e menos compromissos locais? A ausência de uma resposta clara gera um vácuo de liderança em Campina Grande, o que pode ter consequências profundas para o futuro político da cidade.
A verdade é que a política é um jogo de tempo, e o tempo de Romero está se esgotando. Cada dia que passa sem uma definição clara enfraquece sua posição, afasta potenciais aliados e fortalece a imagem de que ele não está comprometido com o futuro imediato de Campina Grande. Resta saber se, nos próximos dias, Romero finalmente quebrará o silêncio e revelará suas intenções, ou se ele continuará a deixar o destino político da cidade nas mãos do acaso – ou de Deus.
Enquanto isso, Campina Grande aguarda, ansiosa e apreensiva, por uma decisão que pode moldar o futuro político da cidade para os próximos anos. Romero Rodrigues está prestes a descobrir que, em política, o silêncio nem sempre é ouro – às vezes, é apenas o eco de uma oportunidade perdida.